EM ESTADO LIMÍTROFE I
- Ana Telhado
- 5 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Neste trabalho, numa análise a posteriori, posso compreender que o processo de criação - EM ESTADO LIMÍTROFE I - teve três fases - 1) o ponto de partida; 2) a criação e 3) o resultado final: as fotografias em si.
O meu ponto de partida foi a ideia de um retrato, quase psicanalítico, da mulher que de forma primitiva, idealiza a vida, idealiza os outros como a si mesma, idealiza tudo, delira e sofre com isso.
Sem os “pés” na realidade, procura desesperadamente a felicidade fora de si – nos objetos, no outro, num relacionamento afetivo perfeito, no mundo sensorial, numa possível casa, nas malas e roupas que deseja, nas maquilhagens, plásticas, no que come, bebe e fuma, nos likes, tudo fora, no exterior. Cega de si, sem se conhecer e constantemente a projetar as suas falhas nos outros, com
quem se relaciona, esta mulher vive angustiada, profundamente triste e cansada porque a vida não lhe corre bem. Mente adolescente, inconsequente, não assume a responsabilidade da vida. Toma-se a si própria como vítima do outro, do companheiro, dos filhos, do emprego, da sociedade, do sistema, do mundo, pelo mecanismo de identificação projetiva.
Um interior vazio que se revela no olhar triste, cinzento, vazio e seco de afeto. A falta de afeto, sobretudo de dar afeto ao outro, levou-a a essa condição. Este retrato propõe o reflexo da imagem de 40% de população. População essa que vive nessa condição – Em Estado Limítrofe.
Depois do meu ponto de partida definido e já "apaixonada" pelo trabalho de interpretação da bailarina e criadora Maria Fonseca (Becomedance), parti para a realização das fotografias, tendo em mente todo o "mundo" rico que a Maria traria consigo.
O trabalho aconteceu e resultado foi, para mim, uma poesia em imagens, que partilho convosco.
Lisboa, 05/09/2024
Trabalho completo aqui: https://www.anatelhado.art/em-estado-limitrofe
Texto de Ph.D José Domingo Rego aqui: https://www.anatelhado.art/jose-domingos-rego
Produção: FIAR Cultura
Interpretação: Maria Fonseca
Edição: Alexandre Nobre
Texto: Ph.D José Domingos Rego





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